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grilinha

Aqui escrevo de tudo um pouco, principalmente, de tudo o que me vai na alma.

O meu outro Blog - de Culinária "A Cozinha da Grilinha"

.: Centros de Emprego e Segurança Social ..... :.

grilinha, 26.04.04
Hoje (26/4/2004) estou convocada pela 6ª vez em 2 anos para me apresentar no Centro de Emprego da minha área. Das outras vezes passei lá parte do dia a ouvir como se faz um Curriculum, uma carta de apresentação, a postura a ter nas entrevistas, etc etc. Quando chega a minha vez e me perguntam qual era a minha função, eu explico que fui “Responsável de Recursos Humanos” e que entrevistas, analisar CV, salários, avaliações de desempenho, formação etc etc foram as minhas funções ao longo de 26 anos de carreira.
A ultima vez que lá estive fiquei pasma ao constatar que os exemplos de CV e cartas que apresentam estão completamente desactualizados. A técnica desculpou-se esfarrapadamente por não ter um manual mais actualizado. Na sala estavam cerca de 20 pessoas entre os 35 e os 55 anos, licenciados ou com habilitações a nível do secundário e das mais diversas profissões.
Ao fim de meia hora a senhora optou por mandar sair os casos próximos da pré-reforma (55 anos) e os licenciados, porque não há formação disponível para estes casos e nem se vislumbra a hipótese de emprego.
Questionei a senhora se costumavam sondar as empresas sobre as necessidades de trabalhadores, ao que me respondeu que as empresas é que os procuram. (é claro que não procuram).
Descontei para a Segurança Social durante 26 anos a “bruta” percentagem que todos somos obrigados a ver retirada aos salários. Sempre soube que o sistema não funciona na proporcionalidade dos salários e descontos efectuados mas nunca pensei chegar ao ponto em que me encontro hoje. Para receber o 1º subsidio de desemprego, foram precisos 6 meses e muitos telefonemas e deslocações à Seg Social.
É verdade que utilizo com mais frequência desde 1998 (há 6 anos) o sistema de Seg Social (internamento hospitalar, cirurgias e medicamentos ). Tenho acesso a este sistema porque trabalhei e fiz descontos. Não caberia ao Governo facilitar aos seus cidadãos a Saúde Grátis? Desde 1998 que tenho uma incapacidade de (68%) que apenas me dá direito a ser reembolsada de 2€ por dia, sendo que gasto em material de ileostomia a quantia de 15€ diários.
Estou no fim do subsidio de Desemprego e sem emprego à vista, pelo que me resta viver da caridade do meu marido até atingir a idade da reforma por velhice (já morri antes).
É claro que a treta toda é que não andamos a descontar uma vida inteira para nós. Andamos a descontar para as pessoas que recebem o ordenado mínimo garantido, para os desempregados de longa duração, para as pensões das donas de casa e agricultores que não fizeram descontos, etc. E não digo que isso seja mau porque acho que faz parte da vida em sociedade. Mas acho que está errado ficar dependente de um familiar ao fim de 26 anos de trabalho e de descontos que fui obrigada a fazer !! Por muito que tenha poupado, não há poupança que dure anos e anos sem salário ou pensão.
Dos cerca de 300 colegas que ficaram no desemprego no mesmo dia que eu, nenhum foi contactado pelo Centro de Emprego para hipótese alguma. Cada um teve que se safar sozinho pois as reuniões no centro de Emprego só servem para perder uma manhã.
Por mim acho que o melhor é deixarem-nos ficar com o nosso dinheirinho e não têm que se preocupar mais connosco. Cada um que trate de si, e que utilize os seus descontos para um seguro de saúde ou um PPR .
Vou dormir que daqui a poucas horas lá vou eu uma vez mais ouvir a mesma lengalenga.

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