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grilinha

Aqui escrevo de tudo um pouco, principalmente, de tudo o que me vai na alma.

O meu outro Blog - de Culinária "A Cozinha da Grilinha"

.: Às voltas, com as voltas da vida :.

* * Grilinha * *, 27.11.13

Esta noite (mais uma noitada sem dormir) dei por mim a pensar nas voltas que tenho dado à minha vida e cheguei à conclusão de que os anos 20, 30, 40, 45, 50, 55 foram aqueles em que fiz mais mudanças e constato que está a encurtar a distância entre elas.

Aos 20 "O Casamento" (23 e 25 o nascimento da rapaziada).

Aos 30 mudança de emprego e deixar a anterior área de estudo - Letras - "Línguas e Literaturas Modernas Francês, Inglês e Alemão" para ingressar na área de Economia (voltar ao 10º ano para fazer Matemática, Geografia e História porque o resto tinha equivalência)

Aos 33 ingressar na Universidade acabada de inaugurar as novas instalações a 50 metros do trabalho. O curso de Gestão de Empresas (5 anos) corria a um ritmo calmo e com um grupo de amigos e colegas fantástico (Rui, Ramalho, João Torres, Zé Lourenço, João Milheiro)

Aos 40 preparava a festa de formatura, o "Canudo de Drª" à vista, a carreira profissional ia de vento em popa. Tinha uma equipa de colaboradores magnifica (ZéZé, Filé, João, Susana I, Susana II e muitos mais que por lá passaram e estagiaram), a rapaziada crescia a olhos vistos (16 e 14 anos) e enchiam-me o coração de alegrias e mimos todos os dias.

No dia 6 de Janeiro de 1998 já não participei na festa do Dia de Reis da secção e ao entrar de urgência no Hosp dos Capuchos só viria a sair de lá 7 Meses depois. Com metade do peso (32 Kgs) e uma incapacidade para o resto da vida levantei a cabeça e decidi que tinha de lutar e seguir em frente. A vida estava do avesso e em fanicos mas com uma família a apoiar com 4 fortes pilares (engº, mãe, filha e filho).

A enorme incapacidade física, o encerramento da Empresa onde trabalhava (2002), a reforma por invalidez não planeada, o último ano do curso incompleto e sem objectivos de aplicação, ... ... ... O grupo de amigos, esse, continuava presente, e hoje cá estão a toda a hora a fazer-me companhia e recordar os bons momentos que passámos e crescemos juntos, com os livros e cadernos às costas depois de um dia de trabalho, as cábulas de rolinho infalíveis do Rui, a técnica de consulta do João Torres, a minha técnica do auricular, a técnica do Ramalho em ripar as folhas de teste do colega da frente ou de trás, o Zé Lourenço e o João Milheiro eram mais discretos e esperavam por algo que lhes caísse de pára-quedas na secretária.

Estas fotos tiradas na saudosa Feira Popular de Lisboa onde íamos, todos os anos festejar o final do ano lectivo da Faculdade, fez-me sorrir e voltar a esses tempos.

Aos 45 perdi a D. Grila que decidiu ir para junto do Sr. Grilo e deixou-nos a todos, cá em casa, com um vazio muito grande e a fazer-me muita falta a mim.

A bater à porta dos 50 chega a confirmação do Crohn e traz associada uma lista crescente de incapacidades que me corrói a cada dia.

Com os 55 à vista passo ao estado efectivo de "Sogra" e ganho um genro (já merecia um momento de enorme felicidade), mas algum tempo depois o meu rapaz levanta voo, pega nas malas e muda-se para o País das Tulipas - Lá se foi metade do meu coração que na hora da despedida me disse: "- Mãe, cuida-te que eu estou cá pelo Natal" :(

A cada Natal acrescento 1 ano à vida e à esperança de ter cá o rapaz, por breves dias, no meu colo. (faltam 26 dias)

Diz o ditado que "Recordar é Viver" e eu faço por isso, continuando a recordar os bons momentos do passado para ver se chego aos 60 e quem sabe, mais uma reviravolta.
Às voltas, com as voltas da vida!!!